Avalon seria uma ilha coberta por bosques e vales
verdejantes, em algum ponto na Inglaterra. A ilha estaria envolta por uma
espécie de bruma e habitada por belas sacerdotisas, feiticeiras e toda a sorte
de seres arcanos, conhecedores da Arte. Conhecida por lendas derivadas dos
mitos arturianos ela traz consigo os nomes de Merlin, Arhtur, Morgana, Bors,
Tristão, Lancelote, Gwynhywyfar, e tantas outras que criaram o mito do Santo
Graal, e os Cavaleiros da Tavóla Redonda.
Essa ilha é uma das cortes élficas que ainda existe no plano
terrestre – conhecido como Gaya – junto com mais três outras: Arcádia, terra
dos elfos filósofos que se localiza ao sul de Delfos; Midgard, reino de elfos
guerreiros poderosos, que teria sua localização ao norte do mundo conhecido;
Moredhel, o lugar onde viveriam os elfos negros, uma disseminação dessa raça
que teria traído os antigos ritos élficos. Dos quatro reinos, o único ao qual
nunca se soube com certeza sua localização foi Moredhel.
Como reinos, cada uma possuía um rei. Na grega Arcádia,
reinavam Oberon e Titânia, mestres da magia e da lábia que criaram várias
lendas em suas terras e até mais distante. Em Midgard, comandava Balor, herói
de lendas antigas ao qual citam lutas contra gigantes do gelo e dragões, aos
quais, derrotou sozinho. O rei de Moredhel,era um fealith. Seu nome entre os mortais era Edgar Felkar, mas acabou
assumindo o nome de Felkarion ou Narsilion, O Cântico do Sol e da Lua. Poucos
sabem de um curioso fato sobre ele: o rei de Moredhel foi membro dos Imortais
Esquecidos.
Muitos achavam que era fácil encontrar qualquer um dos reinos,
mas mesmo os arcanos mais poderosos possuíam dificuldades para encontrar os
portais antigos que criavam um elo com o mundo dos humanos. Essas aberturas se
deviam ao fato de que esses reinos seriam mundos que mantinham uma ressonância
com o mundo comum. E a ressonância correta, se devia aos lideres de cada reino,
como o poderoso Arda.
Arda seria um dos últimos representantes da casa nobre dos
elfos de Avalon e na verdade, regente da ilha, em relação aos humanos que nela
habitavam. Ele teria assumido o poder depois de alguns acontecimentos
lendários. O primeiro, fala sobre Arthur Pendragon, o maior de todos os heróis
das lendas celtas. Formou um grupo de bravos e corajosos cavaleiros a quem
chefiava em regime igualitário em torno de sua Távola Redonda. Ele sempre foi o
símbolo do entendimento entre a tradição celta e os dogmas dos cristãos.
Treinado por Merlin, seguiu seus ensinamentos de modo a governar toda a ilha de
modo justo. Porém, o Rei dos Reis sendo um homem exemplar, cometeu um ato
incestuoso com sua meio irmã, Morgana, poderosa feiticeira. Dessa relação
surgiu Mordred, guerreiro que teria ferido mortalmente o próprio pai. Essa
ferida só poderia ser curada em Avalon, e com isso deixou toda a Inglaterra sem
um rei. Visto que ele precisava se curar de tamanho golpe no corpo e na alma.
Enquanto isso, Arcádia, Midgard e até mesmo Moredhel, sentiam
os problemas de uma guerra que nunca chegou aos ouvidos de mortais comuns. A
Guerra do Arco e do Machado.
Muitos sabem sobre a eterna contenta entre os elfos e anões.
Isso se devia aos elementos e minérios ao qual estavam ligados espiritualmente.
Enquanto elfos tinham um vinculo natural com o ar e os cristais, os anões já
possuíam uma atração para com a terra e os metais. Isso fazia com que tivessem
certa rivalidade entre si. Além, é lógico de terem sido gerados pela mesma
divindade, mas cada etnia a tratava com nomes diferentes. Os primeiros[1]
tratavam sua divindade por Aquele Que É,
É [2]e
os pequenos elementais da terra a chamavam de Imperador dos Reinos Além das Nuvens.
Mas o fato que realmente culminou na guerra entre os povos,
foi a traição que ocorreu no ultimo Levante dos Escudos por Mallmor. Ele teria
matado, não somente seu amigo e Lorde do Noroeste, Daigon, como foi acusado
como assassino do Imperador dos Anões. Avalon, temendo um ataque dos lordes
remanescentes, já que o Imperador teria feito um acordo com o rei – na época,
chamado Númenori – de paz entre os povos, se preparou para qualquer atitude
hostil. Até mesmo sua prudência não foi o bastante para proteger o rei e sua
família de um ataque contra covarde que culminou com sua morte...
Com tudo isso, Arda assumiu o poder sobre Avalon, como líder
dos elfos da ilha – já que para ser consagrado rei, necessitaria se casar com
alguém de sangue nobre – e regente, para que um dia, Arthur volte. E guie toda
a sua terra natal a gloria que merece.
Muitos dizem que Arda quer muito assumir o poder máximo sobre
a Ilha das Brumas através de um casamento. Para tanto, ele tentava se casar com
a princesa dos faunos, sátiros e fadas. Os reinos desses seres não são
limitados por fronteiras como as conhecemos, muito menos pela magia que protege
Avalon, e os outros reinos élficos. Eles surgem de áreas mágicas onde nascem as
fadas, sendo então, posse do rei das fadas. Se isso fosse verdade, o poderoso
Arda acumularia força política e arcana o bastante para tomar o poder do reino
para si.
Mal sabiam os heróis de nossa historia que estavam prestes a
entrar no meio de todas as tramas que surgiram devido a esses fatos.
...
-Já chegamos? – perguntou chateado Thror, por se manter tanto
tempo quieto naquela embarcação.
-Não... E se continuar com isso, juro que lhe transformo em
algo! – gritou Lunariel.
Thror temeu as palavras do barqueiro. Lacktum certa vez
relatou que como eles, arcanos do porte de Lunariel, eram mestres com o conhecimento
de magias sombrias. E o guerreiro estava com medo, que como o mago ruivo inglês
disse, viessem a querer transformar o coitado em um sapo ou um cão.
Mas todos nas embarcações estavam cansados de ficar no barco.
Halphy conversava futilidades com Hugo e Richard; Gustavo e Arctus rezavam para
que Azerov e Nico se saíssem bem dos problemas na torre; Gor, assim como Thror,
limpava sua lamina do sangue dos anões; Seton olhava calmamente para a direção
que estavam se dirigindo. Lacktum parecia ser o único realmente calmo, mas
dentro de seu coração os sentimentos dele começavam a formar novos ideais. Sua
meta era ainda destruir o homem que acabou com sua vila, mas agora ele possuía
aliados... Amigos é o que falavam os comuns. Ele não tinha certeza. Mas o tempo
em que esteve na torre mudou algo.
Foi então que Lunariel colocou a mão no espaço vazio, na
frente do lago, se levantando e dizendo a Lacktum:
-Nos magos, somos chamados de abridores, pois abrimos os caminhos
da Arte para obter o que queremos. Mas existem tantos tipos de abridores, que
existem até alguns que ficam encarregados sobre a passagem dos planos e terras
ancestrais. Esses são chamados porteiros. Eu sou um deles.
Depois disso Lunariel recitou palavras arcanas, que nem
Lacktum conseguiu entender. As brumas que eram vistas no lago, sumiram da
frente dos barcos, como se abrissem um caminho em honra do elfo. E eis que do
ar se fez surgir uma ilha.
Todos se levantaram de um espanto só. Alguém entre eles
falou:
-É magnífico!
-Parece até o Paraíso... – soltou Gustavo.
Era como se alguém tivesse coberto aquele lugar com um enorme
manto invisível, e o porteiro simplesmente tivesse o retirado.
-Parece até uma paisagem da Grécia – falou boquiaberto Thror
– Talvez mais bela que qualquer coisa que Homero e Orfeu tenham relatado.
-Lembrou Lirah – falou bem baixo o mago ruivo, Lacktum.
-Que lugar é este? – questionou Halphy, como única que
controlava suas próprias emoções perante o que aconteceu – não vai me falar que
aqui é...?
Lunariel riu.
-Aqui é Avalon – respondeu o elfo – a terra dos
heróis, o Reino Élfico do Arco e lugar onde repousa o Rei dos Bretões, Arthur
Pendragon.
[1]
Primeiros é um dos termos para se referir aos elfos.
[2]
“Aquele Que É, É” e o “Imperador dos Reinos Além das Nuvens” são nomes
inspirados nas obras de J.R.R. Tolkien e C.S.S. Lewis respectivamente.
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