Eles cruzariam as fronteiras da Inglaterra logo se não fosse
o ocorrido de antes. Quando estavam caminhando, conseguiam imaginar o que
deveriam fazer em relação aos atuais acontecimentos.
Sabiam que Kalic Benton estava com interesse nos itens do
Desalmado e do Cavaleiro de Platina. Mas agora, descobriram que ele tinha
interesse em Lacktum e Halphy. Isso foi possível imaginar, desde o confronto na
torre de Azerov. O quem Mallmor falou inicialmente, era que se Halphy ou
Lacktum quisessem, poderiam sair sem nenhum dano. Halphy tinha suas teorias:
Kalic Benton com certeza estava envolvido com tudo de mal que ocorreu com
Lacktum. Isso incluía a morte de seus entes queridos, o sumiço de Lirah – noiva
de Lacktum – e a destruição de Van Sirian. Ela já desconfiava do motivo de a
quererem, mas preferia não comentar com o grupo.
A neve havia cessado com a tremenda força que estava nos últimos
dias. Mas era difícil atravessar as terras inglesas. Menos da metade um mês,
eles atravessaram o terreno e a fronteira estava próxima. Mesmo com tantos
feridos pelo caminho.
Só havia um problema. Pelo menos para Lacktum: teriam que
passar por um terreno que já foi conhecido dele. Foi notado que havia muitos
caminhos para cruzar aquele terreno. Mas todos estavam sendo protegidos pelo
exército inimigo. E então Lacktum, Halphy e Arctus decidiram que chegariam as
Terras Altas por aquela região.
Enfim, a noite caiu como um manto, enquanto a neve ainda
descia como plumas. Isso criava no mago uma nostalgia sombria. Ele se lembrava
de ver o corpo de seu pai, mãe e irmã. O pai que enfrentou o inimigo de
máscara. A mãe e a irmã que nunca fizeram nada a ninguém. E Lugarao’Céu... só
viu a casa dela ardendo em chamas.
As lembranças foram esquecidas por alguns instantes. Era
possível ver uma pequena vila não muito longe e um castelo, outrora majestoso.
-Meus amigos – falou o arcano – esse é o condado de Van
Sirian. Minha terra natal e meu antigo lar.
Eles passavam pela vila, que lembrava a necrópole do Oriente
em que encontraram Kalidor. A diferença é que mesmo com o silêncio mórbido da
vila igual ao do lugar onde deixaram Federick, os corpos não estavam em
sarcófagos e catacumbas. Estavam nas casas, nas portas, na estrada e no caminho
do castelo. Todos jogados ao chão, alguns pareciam se abraçar em uma comovente
cena. Alguns picados por corvos, outros devorados por animais do tamanho de
cães. Havia até mesmo vermes em alguns devorando carcaças humanas. Crianças,
velhos e animais. Homens ou mulheres. Não houve piedade no confronto que
participaram. Logicamente, se passaram alguns anos desde que o confronto
aconteceu, mas suas marcas deveriam permanecer naqueles que sobreviveram ao
caos daquele dia. E até onde se sabia, Lacktum era único sobrevivente de Van
Sirian. Bem assim como dos nobres daquela terra.
Gustavo e Arctus rezavam a cada instante em que permaneciam
ali. Lacktum ordenou que nenhum corpo fosse tocado, pois temia ataques de
mortos famintos naquele local.
Agora muitos entendiam de onde surgia a petulância do mago, a
arrogância e -acima de tudo – a raiva dele. Qualquer um que tivesse um episódio
como esse, durante sua juventude, poderia forjar seus sentimentos com puro
ódio. E era algo que Lacktum, talvez, superasse.
Mas enquanto caminhavam, indo em direção ao castelo, ouviram
o grito de Fiel. Ele havia o mandando a frente para saber o lugar era seguro.
Quando desceu, o clérigo perguntou:
-O que foi esse grito de alerta?
-Vi luzes no castelo. Abandonado ele não esta.
Continuaram a andar.
O portão continuava destruído, assim como o arcano se
lembrava das cenas do massacre. Com certeza, as aldeias ao redor, acreditavam
que o lugar era mal assombrado. E não era para menos.
Além disso, graças à neve que caia, havia enormes montes de
neve. Ela cobria as construções ao redor do castelo. Outras só certas partes.
Mas a entrada do castelo estava livre.
Lacktum então pediu:
-Gustavo, nos mostre se o mal aqui reside.
Quando o paladino iria pressentir se havia mal no lugar algo
aconteceu.
Uma luz surgiu da entrada do castelo. Lembrava uma lanterna,
mas extremamente sombria e de tom azulado. Uma fumaça com uma aura diferente,
quase divina. E era possível ouvir a canção dos condenados através dela.
Das sombras surgiu uma armadura de tom ébano, que se
confundia com a noite. Era uma loriga segmentada. Com a mão direita, portava
uma lanterna que era fonte da iluminação sinistra e com a esquerda segurava uma
espada longa. Tinha uma capa de cor negra, que era presa por um broche de rosa
negra. No elmo, havia uma enorme pluma de cor sombria.
Lacktum esperava encontrar Kalic Benton, mas ao notar
corretamente, um mago não portaria uma armadura. E não parecia se tratar de um
revenant solitário. Um verdadeiro cavaleiro com aura sinistra.
Ele parou a uma boa distância do grupo. Colocou a lanterna
presa a cintura e fixou a espada no chão, cheio de gelo. Pousou as mãos sobre o
cabo da arma.
-Caro Gustavo, não vai me apresentar seus colegas? Ou
pretende matar eles também? – disse o homem de armadura.
Foi quando o paladino, mesmo sentindo muito frio, começou a
suar frio. Aquela voz o atormentava no passado, com raiva, mas autoridade
também. Uma voz que se aproximava do tom paterno. Alguém sumiu da vida do
paladino, até agora.
-Diogo! – gritou um Gustavo completamente desnorteado, com o
corpo tremendo.
-Quem é esse homem? – perguntou Halphy.
Foi quando o estranho de elmo falou:
-Eu me apresentarei. Meu nome é Diogo Fernandez, antigo
mestre do estilo do Lobo Sacro. Atual mestre da Rosa das Trevas. Antigo servo
de Kanglor, pois hoje sirvo a Hel. Mestre de nobres e príncipes. Meus últimos
pupilos se chamavam Federick, Gustavo e Joseph. Três príncipes de terras
distantes. E houve a morte de um deles pelas mãos dos outros. Minto por acaso
Gustavo?
Todos olharam para o paladino com espanto. E este abaixou a
cabeça. Seu silêncio mostrava que era verdade.
-Ora Gustavo, diga que é mentira! Que isso nunca aconteceu!
Esse homem não fala a verdade! Não é?
Ele continuou com a cabeça baixa e olhos cerrados. Não queria
admitir que um passado negro condenasse os irmãos Salles. O que faria? De
repente Lacktum soltou sua língua ferina contra o homem de armadura negra.
-Eu não quero saber sobre isso. Temos um inimigo que possui
uma réplica da Lanterna dos Condenados. Ou pensa que o fato de ter falado sobre
isso, nubla a certeza de possuir esse item. E até onde sei, Gustavo demonstra
mais honra que você. Um homem que muda de estilo de combate e deu? Há! Faça o
favor de não insultar a minha mente. Quer saber alguém que não merece confiança
aqui, esse alguém é você!
A armadura negra não se mexia. Mas dela surgiu mais uma vez a
voz de Diogo.
-Muiti bem... Lacktum, eu suponho? Kalic Benton me falou
muito sobre você. O que disse até agora faz jus ao seu intelecto.
-Muitas coisas ruins eu suponho – falou o arcano.
-Tem coisas boas? – cutucou a meio elfa
Foi quando Gustavo soltou um rompante de fúria contra o
antigo mestre. Ele se lembrou dos ensinamentos de Diogo. Coisas que vinham do
tempo que James Gawain criou o estilo do Lobo Sacro: um inimigo declarado é um
inimigo; uma espada desembainhada tem como repouso ou a bainha de seu dono, ou
o peito de seu inimigo; e se a espada não serve para matar, ela deve proteger
aqueles que amam.
-Minha lâmina! Seu pescoço! – gritou exaltado o paladino.
-Muito bem meu pupilo – disse Diogo, sorrindo – Mostre as
garras. Mas tenho que partir para tratar assuntos mais importantes...
De repente, Gustavo sacou a espada que portava. Ele correu com
ela, curvando bastante seu corpo, com o escudo na frente. A espada, que estava
toda voltada com a ponta para trás, seria um golpe circular certeiro. Seria
certeiro, se tivesse acertado a espada.
Antes que chegasse a tocar o antigo mestre puxou a lanterna e
proferiu:
-Que os espíritos surgidos no mal, me obedeçam prontamente.
Aqueles que não enxergaram a luz me obedeçam imediatamente.
Foi quando Gustavo interrompeu a trajetória, devido a um
tremor no lugar. Quando notaram, achavam que era um terremoto, mas não era
forte o bastante. Então, foi que Lacktum conseguiu notar algo tão tolo que
passou pela sua mente tão rápido. Uma das casas cobertas de neve não era uma
casa.
-Mas o que?... – soltou Gustavo.
-Gustavo! Volta – gritou Lacktum.
Nesse instante, o paladino saltou para trás, com o intento de
não ser esmagado pela neve.
A neve caia, enquanto o ser se erguia debaixo dela. Parecia
que a criatura surgia de algum pesadelo. Era gigante. Do tamanho de uma torre.
-Um gigante? – perguntou Arctus aflit.
-Não existem gigantes na Inglaterra! Pelo menos a alguns
século! – falou Lacktum, respondendo rapidamente.
-Então o que é aquilo? Um cachorro grande? – falou Thror.
-Talvez um revenant? – gritou Seton.
-Não! – falou Halphy irritada e puxando alguns dos membros do
grupo para trás de uma construção – existem muitos revenants, mas nenhuma
armadura cobriria um ser tão grande por completo! Essas coisas precisam ser
cobertas por inteiro para se locomover, pelo que entendo.
-Maldição! – soltou Rufgar nervoso.
-Praga! – disse Alexander.
- O que foi? – disse Valente, prestes a partir para cima do
inimigo, se não fosse Lacktum o segurar. Todos estavam atrás da construção
agora.
-Esse cheiro que estou sentindo e pelas palavras daquele
homem... Acho que se trata de um morto faminto!
-Praga – disse Thror.
-Praga nada! Arctus pode o expulsar! – falou aliviado
Lacktum.
-Por isso! – respondeu tristonho o grego.
-Mor-mor-morto faminto? Ai... – Furta-Trufas caiu depois de
falar isso. Halphy o pegou em seus braços.
A criatura parecia combinar um enorme tamanho com uma força
descomunal, mas não era só isso que ele trazia de assustador. Era uma criatura
como uma ossada com vida. Enormes pontos de luz avermelhada cintilavam em suas
orbitas vazias. Um enorme esqueleto, que obedece a seu mestre maligno, como um
boneco nas mãos de seu dono. Esses seres atacam até serem completamente
destruídos ou eliminarem seus alvos. A monstruosidade era o esqueleto de um
gigante, que saia da neve.
-Com certeza animaram o corpo de um gigante e o trouxeram até
aqui – falou o arcano.
Estavam todos escondidos, com medo do ataque do monstro. Só
que Halphy constatou:
-Eu acho que se trata de uma criatura grande demais para nos
esconde dela.
-Acha mesmo? – perguntou temoroso Seton.
Foi quando sua mão, em forma de garra esquelética, despedaçou
o telhado da construção. Alguns pedaços voaram na direção dos Dragões, mas nada
que os ferisse. Furta Trufas, que parecia acordar, desfaleceu novamente.
-Deixem comigo! – falando isso, Gustavo se levantou com
rapidez em direção ao monstro. Seu olho parecia cheio de raiva, O pior é que
Diogo não estava mais ali. Ou seja, o alvo de sua fúria sumiu. Mas o mal
permaneceu.
-Que a lâmina de Deus venha até mim. Pelo nome de Mikael,
príncipe dos arcanjos, que o mal pereça na minha lâmina.
Nesse momento, a lâmina de Gustavo se encheu de uma aura
brilhante e cintilante. Com o valor de seu coração, a arma percorreu o ar até
acertar a perna do esqueleto. Aparentemente, afetou demais o oponente sinistro.
Isso era claro, pelo grito sinistro que o esqueleto. Lembrava o uivo de um
lobo, com extrema tristeza.
Com isso, Arctus pegou seu crucifixo e a levantou contra o
ser das trevas. E como um
poderoso homem, exclamou:
-By the name
of God and Metatron, the prince of the seraphim. Through this names that bring
truth, release this site from all evil. Amen
Uma aura de grande bondade e poder surgiu ao redor de Arctus.
A paz que irradiava, criava uma redoma de força que se dispersou e deveria
destruir o monstro, mas não o fez.
Os poderes de alguns sacerdotes com fé verdadeira conseguiam
operar milagres. Entre um desses um desses milagres, estava algo chamado
exorcismo. O dom de afetar entidades malignas como gênios, demônios ou até
mesmo anjos das trevas. Mas algumas vezes, esse dom é usado para manter
espíritos que não alcançaram a luz até o Além[1].
Normalmente, quando isso ocorre, os espíritos inquietos se enfurecem. E a
enorme ossada não era exceção.
Ela se debatia como se estivesse em pura fúria. O crânio
girava muito rapidamente como um mangual pesado erguido em combate. E o monstro
já tinha decidido quem destruir.
Foi quando Gustavo pulou na frente do golpe que seria feito
contra Arctus. O pobre paladino bateu contra uma parede. No mesmo momento
desmaiou.
-Gustavo! – gritou em desespero Thror.
O céu anunciava uma tempestade. Mas a verdadeira destruição
ocorria no chão. Pequenas construções que restavam, eram demolidas pelo simples
encostar do monstro na madeira. Aquilo fazia Lacktum temer. De repente se
lembrou de dois anos atrás. Não sabia o motivo, mas algo naquilo tudo fez
lembrar-se do massacre de tudo que amava. Ele ficou estático de medo. Não
conseguiu enfrentar os próprios temores. E a meio elfa notou isso.
-Lacktum! – batia e falava a ladina feiticeira – Nós
precisamos de você aqui.
Será que tudo iria acontecer novamente? As únicas pessoas
importantes de sua vida sumiram naquele lugar. Ele se sentia medo, pois
novamente era inverno.
-Maldições de Odin! – disse o transtornado arcano – Esse
lugar é uma maldição de algum gigante ou força das trevas! Só isso explicaria
tantos problemas! Por Asgard!
-Estou achando que ele esta dominado pela lua – disse em tom
baixo o druida.
-Quieto Seton! – pediu Halphy.
Arctus levantou o companheiro caído. O golpe foi terrível,
mas não havia tempo para aplacar a dor. Quando notou, estava atrás de uma
construção. Mesmo não estando vivo, a ossada gigante parecia soltar um hálito
congelante. Isso cobria todo o local ao redor dos dois, deixando o clérigo com
mais medo do que frio.
-Arctus! – gritou a ladina, antes de tentar voltar a tirar o
mago daquele estado – Vamos Lacktum, se continuar assim, Arctus e Gustavo vão
perecer diante de morto faminto!
-Esse lugar é amaldiçoado. Só existe essa explicação! –
Lacktum enlouquecia cada vez mais.
Halphy tinha que fazer algo em relação ao arcano. Então, se
lembrou do nome de alguém que poderia o retirar daquele estado.
-Pense em Lirah! O que acha que ela pensaria disso? De sua
atitude agora?
Isso deveria fazer o ruivo reagir, mas nem isso foi
suficiente. Foi quando uma idéia passou pela mente da ladina. Se ele não foi
comovido pelo nome da mulher amada, talvez se revoltasse com a memória do
inimigo.
-Olhe aqui, seu mago egocêntrico e manhoso – disse ela com
ares de razão – se não em ajudar Kalic Benton irá vencer! Eu não sei o motivo
de me querer viva, mas eu sei o querer você: ele quer te atormentar! Quer
acabar com cada fração de razão que você tem! Quer deixar que ele vença? –
falava isso enquanto puxava, com força, a camisa do mago – Que perder tudo? E
quando digo tudo, falo dos Dragões da Justiça! Nós estamos juntos desde
Starten! Se não somo companheiros somos o que?
Lacktum levantou seus olhos. Eles continham a raiva de antes,
o mesmo fogo de ódio. Halphy soube atiçar o jovem mago.
Ele então levantou com certeza de que só um Van Kristen
teria.
-Após o inverno, vem a bonança! Thror se prepare para a luta!
Tenho um plano.
-Certo! – respondeu o grego.
-Halphy! Você, Alexander e Fiel, chamem a atenção daquela
coisa!
-Ah que maravilha! – disse a ladina com tom de reprovação – Nós
somos a isca!
Nesse instante, Halphy e os dois animais, correram em direção
ao monstro. A criatura parou seus ataques ao sacerdote para matar seus novos
alvos.
-Thror se prepare para magia – falou Lacktum para o grego.
-Como? – se espantou Thror.
-Arctus! Venha aqui! Seton você também. Se aproxime.
O padre ouviu o grito da direção dos colegas, deixando
Gustavo em segurança antes. Colocou o paladino próximo de um estábulo. Em
seguida foi até os companheiros. Lacktum, quando notou todos ao seu redor, falou
seu plano.
-Vamos preencher Thror com poder suficiente para destruir
este ser – falou ele com certeza do que falava – Acho que Gustavo já o feriu
bastante, mas acredito que minha magia não vai afetar o monstro. Nem a de
ninguém.
-Mas por qual motivo não preenche a mim, então? – reclamou o
druida.
-Você é guerreiro?
-Não.
-Ai esta sua explicação.
-Praga!
-Mesmo que fosse notou o que tem na ponta da corda que
segura?
Ele olhou para a corda e notou o que havia na outra ponta: o
desarmado Rufgar. Novamente, Seton se
decepcionou.
-Praga novamente!
-Preparem as magias – disse o padre Arctus.
-That rage
ignite both this warrior, that his rage fill his blade against the enemy.
Agora é sua
vez druida
-Eich arf
bydd un diwrnod yn dod mor beryglus â'r hud sy'n treiddio y byd hwn.
É com você Arctus
-Dio guidare la vostra lama. Essere letale come la spada di
Gabriel.
Agora vá Thror. Vá e faça o melhor que puder!
-Podem deixar comigo! – disse o grego em resposta.
Os músculos de Thror aumentaram de modo particularmente
rápido. Literalmente, pura mágica. Sua espada possuía também duas auras: uma
que irradiava energia cintilante e dourada, já a outra, possuía cor branca. Era
como se Thror tivesse crescido tanto em alma como em corpo. O grego mostrou que
a magia o permeava.
Ele correu na direção da torre. Arctus e Seton estranharam a
ação, mas Lacktum os acalmou. Já imaginava o que Thror faria.
O grego subiu a escadaria. Em ritmo frenético passou, sem ver
um quarto sequer, por toda a extensão da torre. Chegando lá, viu a janela, e
então soltou dela.
Enquanto o monstro terrível atacava a jovem Halphy e os
animais, muitos notaram o salto louco que Thror fez como um demônio saído do
Inferno. Suas pernas procuravam um lugar seguro, enquanto o corpo percorria o
ar. Então, a corrida aérea teve fim.
A lâmina cheia de mana despedaçou parte da mandíbula da
enorme cria da necromância. Ela quebrou como se fosse feito de material muito
pobre. Mas todos sabiam que isso se devia a magia.
Novamente, a criatura expeliu um grito. Parecia mais um
rugido de uma fera ferida, agora. Com o golpe caiu, quase esmagando alguns dos
membros dos Dragões da Justiça. Um pedaço de madeira acertou Arctus, quando o
monstro caiu sobre ela, atingindo o padre na cabeça.
-Arctus! – gritou o druida.
-Concentre-se! The sound travels through the air and becomes a weapon. This all
with the slightest movement of my hands.
Nesse instante, das mãos de Lacktum que se bateram, surgia um
vórtice sonoro que incomodava todos. Não afetou de vez a ossada, mas foi o suficiente
para o druida usar uma magia.
Ele tocou o gelo, enquanto recitava:
-Mae'r rhew o'n cwmpas yn dod yn y carchar!
Foi quando a neve de baixo da ossada começou a cristalizar.
Ela ficava ao redor da perna do esqueleto, o impedindo de andar. O rugido que
ele soltava ficava cada vez maior. Parecia um enorme leão com a bata ferida por
um caçador.
Enquanto isso, Thror ficava no chão, caído como um morto. Mas
só estava cansado.
-Levanta careca! – gritou Halphy desesperada.
-Esta bem – soltou Thror inconformado – Mas eu quero
descansar!
Thror levantou com o escudo acima da cabeça e abaixou a
espada. A ponta da arma ficava na direção do chão. Flexionou o joelho, de modo
que o bote fosse perfeito. Naquele momento, como poucas vezes acontecia, seu ar
caricato sumia. Com a batalha, Thror parecia ser outra pessoa, possuído por um
espírito bélico. E então, em disparada feito um relâmpago, a espada curta fez
um novo golpe na perna do monstro.
A pena já havia sido congelada o que facilitava mais o golpe.
A enorme criatura caia depois do corte perfeito de Thror.
Mas antes que tombasse por completo, o grego acertou o que
seria perto dela em um grande ato de força.
-Γιατί Άρης!
No fim, o morto faminto de ossos se espatifou, trazendo
silêncio repentino. A aura de morte parecia permear todo o lugar mesmo com a
ossada em pedaços na frente deles. Na verdade, isso criou um clima mais
sinistro ainda, ao lugar.
Quando tudo acabou, Lacktum notou uma luz bem ao longe, na
direção das fronteiras.
Ele então pegou algumas tiras de couro e dois objetos sólidos
e transparentes. Colocou junto das tiras os objetos de modo que o maior ficava
na frente do menor.
-O que é isso? – perguntou Arctus, enquanto subia no estábulo
junto com o mago.
- Uma luneta – respondeu – Eu comprei de um oriental de uma
de nossas aventuras. Conseguimos ver ao longe com ela.
-É bruxaria?
Lacktum tirou a visão do item e olhou com raiva para o padre.
-Você anda com uma maga, uma meio elfa, um druida e ainda
fala sobre bruxaria? O nosso problema mesmo é o que estou vendo. Pegue isso
olhe.
Arctus, desconfiado e desajeitado, olhou através do item.
Ele viu Diogo em cima de um cavalo marrom, com pelagem bem
cuidada. Havia tirado o elmo negro e mostrava sua face. Estava em carne viva,
como um cadáver que morre esfolado. Seus dentes a mostra, pareciam presas e
seus cabelos mal concediam uma aparência humana a ele. O que era mais claro
mesmo era o brilho da Lanterna dos Condenados falsa que portava consigo.
Quando o padre terminou de ver a cena, o cavaleiro entrou na
floresta.
Lacktum então falou:
-Vamos. Temos que cuidar dos feridos.
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